quarta-feira, 13 de maio de 2009

eLES nÃO sÃO aNJOS*


POR CRISTIANO BASTOS

Quantas vezes se tem a chance de ficar cara-a-cara com quatro divindades do olimpo do heavy metal? Mesmo que a oportunidade seja o (geralmente frio) ambiente de uma coletiva de imprensa, a oportunidade é rara. Ainda mais, quando dois "deuses" são fundadores do mítico Black Sabbath.

Melhor, porém, é que os "monstros do rock pesado" – Ronnie James Dio, TonyIommi, Geezer Butler e Vinny Appice, a banda Heaven and Hell – estão num ótimo dia: bem-humorados e, sobretudo, dispostos a encarar seus velhos conhecidos, os jornalistas. "Eu odeio prédios!", brincou, logo numa das primeiras perguntas, o baixista Geezer Butler, ao ser questionado sobre "o que achava da arquitetura brasiliense".

Foi nesse espírito "soft", esbanjando humor e polidez tipicamente britânicos, que os integrantes da Heaven and Hell concederam, ontem, sua única entrevista antes do show que apresentam hoje, no Ginásio Nilson Nelson. O Heaven and Hell aterrissou na cidade para lançar o álbum The Devil You Know, sucessor de Dehumanizer, trabalho de 1992 que encerrou oficialmente a marca Black Sabbath.

Os metaleiros seguem, depois, para São Paulo e Rio de Janeiro. O nome do novo rebento foi dado pelo baixista Geezer Butler: "Ainda que nos intitulemos Heaven and Hell, na verdade, somos o Black Sabbath por detrás do nome", desvendou.

Durante a coletiva, o vocalista Ronni James Dio (ex-Rainbow) desmentiu boatos sobre a banda não ter apreciado a passagem por países latino-americanos, como a Colômbia: "Não, isso não é verdade. Vivemos momentos muitos especiais ao lado dos fãs e demos um grande show por lá", desmente Dio.

Profissão de fé - Qual a emoção de, novamente, pegar a estrada e de escrever canções? "É só o que sabemos fazer. Enquanto eu tocar com competência, não pretendo fazer mais nada da vida. Vivo para isso", confessa Tony Iommi, guitarrista que criou os riffs imortais de "Paranoid" e "Iron Man", ainda nos tempos em que Ozzy Osbourne comandava os vocais.

Em vez de desmistificar, o grupo, pelo contrário, aceita etiquetas como "pais do rock pesado". "Foi o que ajudou a construir nossa reputação. Sem o Black Sabbath, nada disso teria existido na história do rock", explica Iommi, referindo-se às gerações subsequentes do metal.

Entre seus "discípulos" mais destacados, Dio aponta Chris Cornell, cantor que já emprestou o vozeirão para o Soundgarden e o Audioslave. Dio elogia a técnica de Cornell e enfatiza: não gosta dos vocais guturais praticados pelo chamado death heavy metal.

"Existem muitos novos artistas que mantém acesa a chama no mundo inteiro. Para as pessoas que gostam dessa musicalidade, o gênero não morrerá", teoriza.

Uma curiosidade sobre a trajetória do Black Sabbath teve seu mistério elucidado no transcorrer da entrevista. No filme Quase Famosos (Almost Famous, 2002), o diretor Cameron Crowe narra um episódio em que a banda é surpreendida por um repórter da revista Rolling Stone ao descer de um ônibus – encontro que teria rendido uma entrevista memorável. Verdade ou ficção?

"Tomei conhecimento disso quando assisti ao filme", conta Butler.

Numa entrevista com os deuses do rock, uma questão não poderia passar batida: as groupies? Elas continuam a correr atrás do sexagenários roqueiros? "Obvio que sim", responde Dio, em meio a gargalhadas. Estão lá cima nos esperando..."

*Capa do segundo caderno do Jornal de Brasília, desta quarta-feira: divertida missão de ficar frente-a-frente com os titãs do heavy metal. Leia o restante abaixo.

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