quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

lOS aNGELES mOTHERFUCKERS

Quando se fala de rock, Johnny Thunders é capítulo a parte na história. Mais um daquelas personagens cujo "fracasso de vida" encanta – é verdade. Como F. Scott Fitzgerald, infelizmente.
Fracasso relativo - ora - como o grande autor de The Great Gatsby, atualmente identificado como "o escritor de O curioso caso de Benjamin Button" (vergonhosamente modificado para caber num enredo tolo de amor).

Os leitores do magnífico volume de contos Tales of the Jazz Age, de Fitzgerald, do qual a história de Button foi roubada, certamente ficaram de cara. Na tumba, o escritor deve ter soltado um "oh, shit!".

Além dos discos dos New York Dolls, Thunders deixou uma porção de álbuns solo: uns excelentes; outros, somente vagabundices de um viciado que precisava arrumar troco pro pico seguinte. A vida de Johnny Thunders foi praticamente essa: o próximo pico.

Antes de virar junkie profissional foi jogador de baseball e, no pretérito da breve fama, ganhou fama de bom amante junto às groupies.

Please Kill Me tem depoimentos emocionados de Sable Starr, a famosa groupie que namorou. Sable conta que, nos últimos tempos, o estadinho do cara dava dó. Pobre John Anthony Genzale Jr... Johnny Thunders (1952/1991).

Depois de abandonar os Dolls, o lendário guitarrista cooptou Jerry Nolan (batéra dos Dolls) e, com Ricard Hell no baixo (saído do Television), formou os Heartbreakers. Legaram L.A.M.F – um dos melhores álbuns de punk já gravados em toda história do rock, pode ter certeza.

Só que Hell não güentou o ritmo de Thunders, abandonou o barco e formou os Voidoids. Antes, em turnê pela Inglaterra os Heartbreakers lançaram L.A.M.F, onde fizeram (má) fama e amigos na cena britânica.

Back to USA, em fins de 1979, Johnny Thunders começou outro projeto: o Gang War, com John Morgan, Ron Cooke e Wayne Kramer (o ex-MC5 saído recentemente da prisão por tráfico de heroína). Gravaram alguns demos e fizeram meia dúzia de shows.

Não durou nada. Também pudera: com tamanha drogadição.

A obra-prima de Thunders é So Alone, álbum de 1978, do qual participa uma porção de gente legal: Chrissie Hynde, Phill Lynott e Glen Matlock. Foi numa dessas que Johnny conheceu Sid Vicious.

A duplinha formou a banda Living Dead, contudo, também não tinha como dar certo. Quando Vicious morreu, Thunders deixou pra ele "Sad Vacation", canção tristonha que sempre dedicava ao parceiro de pico nos shows.

Novo encontro - predestinado também a não dar certo - aconteceu quando, numa tour pela Inglaterra, conheceu Dee Dee Ramone. Os dois pretendiam montar uma banda e chegaram a ensaiar juntos. Até tentaram gravar um álbum, mas Johnny, na fissura, roubou o casaco de Dee Dee pra trocar por herô nas ruas.

Revoltado, Dee Dee arrebentou a guitarra de Thunders - único bem que ainda lhe restara. Seu "ganha pão". O que veio depois foi apenas queda e solidão.

Como alguém definiu na época: "Johnny Thunders toca sua guitarra como quem solta cusparadas". Pegou? Só vendo.





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