quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

sURRA nA tABERNA*




*O pernambucano Lourenço da Fonseca Barbosa, "Capiba" (de visual m.o.d na foto), foi autor de frevos, maracatus e de outras animadas toadas do Nordeste. De sua fina pena, "Maria Bethânia" é dessas que não soçobraram no tão vasto quanto depredado cancioneiro nacional.

Pudera, além de lindamente parnasiana, é cercada de estórias. Foi escrita por Capiba em 1943, por encomenda de Hermógenes Viana, diretor do Teatro dos Bancários. Gupo teatral recifense que, na ocasião, ensaiava a peça "Senhora de Engenho", de Mário Sette.

Inicialmente, "Maria Bethânia" (a heroína do enredo) fora programada para servir apenas como complemento musical, uma trilha. E, por pouco, quase não fica pronta a tempo.

Foi terminada na véspera da estréia: o nome "Senhora de Engenho" não se encaixava na melodia, eis a demora. Para que os versos coubessem na métrica, a solução simples foi deixar somente o "Maria Bethânia".

A música, entretanto, deu sorte só dois anos depois - 1945. Nelson Gonçalves, em temporada por Recife, a cantou no rádio com grande clamor popular.

Sua gravação, porém, rolou apenas por causa da insistência de um lojista pernambucano que, entusiasmado, se comprometeu com RCA de comprar um pacote de, no mínimo, 200 bolachas. Comparado ao sucesso que fez, uma bagatela dos diabos.

Apaixonado pela canção, um marinheiro norte-americano (em noite de borracheira no Bar Gambrinus, zona portuária de Recife) botou o 78 rpm de "Maria Bethânia" para rodar madrugada a dentro - "dezenas de vezes consecutivas", confirmam relatos.

Fim de noite: o sensibilizado marujo yankee levou uma sova dos taberneiros, perturbados. Depois, reduziram a eletrola em pedacinhos.

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