terça-feira, 24 de junho de 2008

pROTETORA dE uMA oBRA cLÁSSICA*

A cineasta Kátia Mesel era esposa de Lula Côrtes na época. Sua influência na confecção de Paêbirú, no entanto, ultrapassou largamente o papel de musa. A casa de seus pais funcionou coimo abrigo para muitos freakes da contracultura - incluindo o marido e seu parceiro Zé Ramalho - que lá encontravam desde um ombro amigo até equipamentos de fotografia e de som.
Ela também abriu as portas da gravadora Rozemblit às experimentações do udigrudi, sempre atuando como uma espécie de produtora executiva dos grupos, através da Abracadabra, empresa (jamais formalizada) que dividia com Lula Côrtes. Mais: é dela a assinatura do ousado projeto gráfico de Paêbirú.
A hoje cineasta Kátia Mesel lembra das sessões de gravação com jam-sessions onde, a partir das bases traçadas por Lula Côrtes e Zé ramalho, construiam-se as tramas instrumentais com a participação de convidados como Alceu Valença e Zé da Flauta. "Era uma coisa muito tribal", relembra. "E tivemos que enfrentar uma barreira técnica. Tem música que tem 20 instrumentos gravados na mesa de dois canais da Rozemblit. Era playback em cima de playback!".
Abracadabra - Paêbirú, junto com outros artistas ou projetos ligados à Abracadabra (Flaviola e Bando do Sol, Marconi Notaro) foi lançado com um show no Teatro Valdemar de Oliveira. "Foi uma coisa bem mística, com incenso no palco, projeções de Super8..."
Paêbirú deve, ainda, outro favor a Kátia Mesel: as 300 cópias que escaparam da cheia de 1975 estavam abrigadas em sua casa. Esses e outros percalços do nosso clássico psicodélico máximo estarão no documentário que a equipe de Leonardo Bomfim e Cristiano Bastos começa a rodar a partir de julho. O segundo, que também é jornalista, também prepara reportagem especial sobre Paêbirú para a edição brasileira da revista Rolling Stone.
*Segunda parte, Diario de Pernambuco, 20/06/2008

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